quinta-feira, 3 de maio de 2007

Eu ainda sou do tempo de mil nove...


Corria o ano 1997. O grupo do costume encontrava-se no sítio do costume, à hora do costume. A chegada era feita com normalidade. “Despacha-te! Vai-te equipar para irmos todos juntos!” Objectivo, treinar para melhorar. Fazer grandes marcas. Ir aos nacionais. Eventualmente ganhar medalhas. Divertir acima de tudo. O treino das Terças era o mais temido de todos. Todos os dias se falava do treino da Terça. “Heia pá… amanhã é terça…”; “Heia pá, hoje é terça…”; “Porreiro! Ainda faltam 6 dias para a terça”. Aquecimento, técnica de corrida, muitos skippings, multi-saltos, musculação, bola medicinal e por fim… a cereja. Séries de 120! Na chegada a casa, já tarde… muitas vezes já depois das 22h, uma desculpa esfarrapada: “Tivemos um furo!” Até que um dia tivemos mesmo e os meus pais não acreditaram. Nem as mãos sujas me livraram de mais um sermão. Nada de novo. A mesma lenga-lenga de todos os dias.
O corpo moído, com ácido láctico até nas orelhas, tentava contrariar a sensação de bem-estar. Em vão. O facto de segurar na colher da sopa e o braço tremer de cansaço, era um bom motivo para me sentir bem. O treino tinha valido a pena.

Ano 2007. Muitas Queimas e Latadas depois, consigo um dia “livre” depois das 19h. Resolvo contrariar a vida sedentária que me vejo obrigada a levar. Apenas com um elemento do grupo do ano de 1997, chego ao treino, de uma forma menos discreta, “Ehh lá!!!! Estás cá hoje!? Vens treinar?!?!?” Não há sequer esquema com plano de treino, vulgo “programa das festas”. Na cabeça a ideia de correr até aguentar. Depois fazer mais qualquer coisita.
18 minutos de corrida depois, 100 abdominais e outros tantos lombares fazem-me sentir orgulhosa por ter conseguido correr mais de 15 minutos… mas acima de tudo fraca. Velha. As lesões continuam, ainda que adormecidas. A fazer abdominais, eis que a fibrose no quadricípede da perna “podre” me diz: “Olá! Continuo aqui!”
No fim, cansada e com o ácido láctico a querer dar o ar de sua graça, a mesma sensação de há 10 anos atrás.
Há coisas que não mudam! Felizmente…