sexta-feira, 14 de março de 2008

Coisinhas

Sexta-feira, com sol, temperatura amena. Boa disposição portanto.

Depois de dar uma vista de olhos “indignada” nas alterações do novo acordo ortográfico, sigo até ao sítio do costume para tomar o café da manhã. Numa mesa, dois senhores do grupo de reformados que se costumam juntar todas as manhãs para discutir as notícias dos jornais, ou simplesmente “jogar conversa fora”. Noutra o dono do café com uma senhora.

Antes de me sentar, “abocanho” os jornais do dia, para ver na diagonal. Chega o café, sem que o tenha pedido. Despacho o Diário de Leiria e prossigo n’A Bola, quando passam por mim os dois senhores da mesa do fundo, a caminho da porta. Nisto um deles, com cara de avozinho volta para trás e interpela-me: “Desculpe… a Sra. mede quanto?”

Sorri, pensando que possivelmente teriam estado a tentar acertar na minha altura.

1.76”, respondi. “Aaaah” bocejou o senhor com satisfação. “Afinal não é mais alta que eu! Eu meço 1.81!”, disse orgulhoso. “É muito alta!”, continuou, enquanto se afastava para a porta. “Hoje estou um bocadito maior… trouxe um tacãozito”, gracejei ainda a rir.

Findo o café, a Joanita mete à socapa atrás do “Ice Tea dos guardanapos” dois chocolates e dois biscoitos, sem que o patrão repare. “Toma! A ti trato-te bem…” bocejou entre dentes, enquanto partilhávamos um sorriso cúmplice.

Escondo logo um chocolate na boca, enquanto meto os biscoitos no bolso. O outro chocolate iria ser escondido de seguida… a caminho do banco.

Como o tempo no banco já ia longo, saio apressada para voltar ao escritório. Na porta cruzo-me com a senhora que me ensinou que o alfabeto tinha 23 e não 26 letras.

“Professora Silvina!”, disse enquanto lhe tocava para se virar para trás. De olhos arregalados e com um sorriso do tamanho do meu, responde prontamente: “Olá Cláudia!!! Estás boa?” Cumprimentamo-nos apressadamente, porque o tempo não dava para mais. “Sim! E consigo, está tudo bem?”, continuei. Ainda de olhos bem abertos e sorriso rasgado responde-me “Sim!”. “Gostei muito de a ver, mas agora tenho de ir, com muita pena minha…”continuei.

Já a sair, ainda a segurar a porta como que a prolongar aquele encontro fugaz, ouço “estás muito bonita filha!”. Agradeci, felicíssima por ter reencontrado a minha professora primária, que após tantos anos continua a lembrar-se de mim. Do meu nome… Aquele “filha” foi tão familiar, que me reconfortou. E o sorriso franco, continua inalterado.

Uma manhã tão rica em coisinhas “pequenas”.

6 comentários:

Anónimo disse...
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Celeste disse...

Fico feliz por estares tão bem disposta. :)

Os dias de sol vão ajudar...

Beiji** :)

Coiso disse...

hmmm.... Muito cócó... Esse café devia ter sido trocado por uma taça de tinto e o estés bonita filha deveria ter sido trocado por... "Oh gaja! gosto de te ver assim tronchuda, bem boua!..."

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Engraçado. Acolhedor. Sincero. Vitalicó-exuberante. Cheira-me a ENFJ. Pq? Pq eu sou assim. E olha que somos poucos (3,2% of the total population). Bem haja.

Hydrargirum disse...

Este post é tão diferente daquilo a que me habituaste a ler-te....

Saio daqui confortado e com um sorriso:)...

Gosto de dias assim:) Sorridentes:)

Jinhos Sparrowicos:)